terça-feira, 11 de junho de 2013

História de Cachoeira do Sul


A História de Cachoeira do Sul se confunde muito com as disputas territoriais entre Portugal e Espanha no sul do Brasil. Ao longo de mais de 250 anos, Cachoeira do Sul possui várias marcas dessa história, que está na cultura, na arquitetura e na memória de seu povo.

Fundação e período colonial 

O início da história do município tem-se início em 1750, quando tropas portuguesas vindas de São Paulo receberam sesmarias e começaram a povoar a área em volta ao Rio Jacuí, para segurança ao cumprimento do Tratado de Madri, assinado no mesmo ano. Eles estabeleceram-se com estâncias de criação de gado bovino. Para demarcar a linha de fronteira foi designado para ir ao Rio Grande do Sul, o Governador e Capitão General do Rio de Janeiro e Minas Gerais, Gomes Freire de Andrade, Visconde de Bobadela, acompanhado por uma comissão técnica e tropas dos exércitos espanhol e português.1
Devido à escassez de terras aráveis no Arquipélago dos Açores, e à explosão demográfica, Gomes Freire de Andrade recebeu a incumbência de trazer os casais açorianos para povoarem a região dos Sete Povos das Missões, porém espalham-se por todo o estado. Um grupo estabeleceu-se às margens do Rio Jacuí, juntando-se aos soldados, que se dividiram em pequenos latifúndios, dedicando-se à agricultura e à pecuária.2
Em 1754, ocorreu a Guerra Guaranítica, onde os índios residentes nas Missões se revoltaram contra o poder da Coroa Portuguesa, daCoroa Espanhola e os padres jesuítas.3 Com a derrota dos indígenas, alguns deles foram recolhidos por portugueses e formaram uma pequena aldeia no Cerro do Botucaraí. Em 1769, foram levados para o Passo do Fandango, onde construíram a capela de São Nicolau. O lugar é hoje o bairro Aldeia. É nessa época que a pequena vila, formada de açorianos e índios, começa a ser chamado de Cachoeira, devido às quedas d'água do Rio Jacuí que haviam no local. Em 10 de julho de 1779, a Capela foi elevada à categoria de Freguesia, com a denominação de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira . Nessa época, apareceram as primeiras referências ao nome de Cachoeira, devido às quedas d’água existentes no Rio Jacuí, próximas ao local da povoação. Data também desse período, a demarcação dos limites da Freguesia. Em 28 de setembro de 1799, foi inaugurado o novo templo católico, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
Em princípios de 1800, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira entrou num período de crescimento demográfico,comercial e urbano. Contingentes oriundos das guerras de demarcação instalaram-se na povoação; casas comerciais efetuavam transações com o mercado do centro; a cidade ganhou seu atual traçado, elaborado por José de Saldanha, engenheiro, tendo a Praça da Igreja como ponto central. Atendendo a uma aspiração da população cachoeirense, o Alvará de 26 de abril de 1819 elevou a Freguesia à categoria de vila, por ordem do rei Dom João VI, com nome de Vila Nova de São João da Cachoeira, sendo o quinto município a ser criado, precedido de Porto Alegre, Rio Grande, Santo Antônio da Patrulha e Rio Pardo. A solenidade de instalação do Município ocorreu a 5 de agosto de 1820, inaugurando-se o Pelourinho, antigo símbolo da autonomia municipal. Após a criação do município, iniciou-se um período de organização política, social e administrativa.

Revolução Farroupilha 

Em 20 de setembro de 1835 estoura a Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul, o topo do protesto contra os impostos sobre o charque e uma tentativa de formar uma nação democrática no sul do Brasil. O município de Cachoeira adere ao movimento em 23 de setembro, por isso é considerada uma das quatorze capitais farroupilhas. Um cachoeirense, Antônio Vicente da Fontoura, se torna um dos líderes da revolução. Em 1836 acontece a Batalha de Rio Pardo, e o lugar da comemoração da vitória dos farrapos na batalha é a Igreja Nossa Senhora da Conceição.  A cidade festejava com o triunfo das tropas farroupilhas, sendo que a Câmara Municipal prestou juramento à Revolução Farroupilha, mas a cidade é atacada pelos soldados de Bento Manoel Ribeiro, e a dominação imperial acontece somente em 1840, obrigando a Câmara reconhecer Dom Pedro II como imperador do Brasil. Antônio Vicente da Fontoura segue na revolução, exercendo papel na pacificação final, negociando a rendição dos farrapos, em 1845.5

Período Imperial 

Cachoeira sofreu vários investimentos em seu período imperial, evidenciando-se o desenvolvimento nos seguintes aspectos: criação de aulas públicas (1827); organização dos serviços dos Correios (1829); estabelecimento das Posturas Municipais, (1830); construção do edifício do Paço Municipal e entrega do mesmo à Câmara (1865). Em 1850, foi criado o Comando Superior da Guarda Nacional de Cachoeira e Caçapava, com a nomeação de José Gomes Portinho para o Comando Superior.
Em 1857 chegam os primeiros imigrantes alemães, dirigindo-se à Colônia Santo Ângelo, região hoje compreendida nos municípios de Agudo, Paraíso do Sul, Novo Cabrais, Cerro Branco, Dona Francisca, Nova Palma e Restinga Seca. Essas famílias alemãs dedicaram-se à agricultura, especialmente ao cultivo do arroz. Já a colonização italiana se dá a partir de 1877, quando as primeiras famílias estabelecem-se em Cortado, vindas da Quarta Colônia. Depois, essas famílias transferem-se para a cidade trabalhar no comércio cachoeirense.
Em 1859, a Lei de 15 de dezembro concedeu o foro de cidade à sede do município de Cachoeira, e a solenidade de elevação à categoria de cidade ocorreu na sessão da Câmara de 10 de janeiro de 1860. Em 1876, Cachoeira foi ligada à Porto Alegre por linha telegráfica. Alguns anos depois, em 7 de março de 1883, chegou à Estação Ferroviária de Cachoeira, a primeira locomotiva, inaugurando a estrada de ferro Porto Alegre - Uruguaiana.

Período republicano 

No ano de 1900, a agricultura começa a se modernizar e impulsiona a economia cachoeirense, sendo cultivados diversos hectares de arroz, e aplicados altos investimentos em engenhos de beneficiamento de arroz. Dos que se destacam, está o Engenho Roesch. Nesta época também se dá um impulso no número de habitantes, que chegam na cidade interessados no comércio.
O enriquecimento cultural também chega, com diversos eventos e encontros. Nesta época até os anos 1920 que são construídos os prédios de maior valor cultural da cidade, tais como a atual Casa de Cultura e a Câmara de Vereadores.
É no início da década de 1920 que Cachoeira atinge a liderança brasileira na produção de arroz, fato este que ganhou o apelido de"Capital Nacional do Arroz". Em 1924 é terminada a construção do 3° Batalhão de Engenharia e Combate Conrado Bittencourt e, em1925, é inaugurado o monumento símbolo da cidade: o Château d'Eau.
A economia cachoeirense, que estava bastante desenvolvida e adiantada, estando nos primeiros lugares dos números populacionais e demográficos, passa por uma crise nos anos 1930: uma infestação de gafanhotos toma a cidade, devorando diversas plantações. Segundo Carlos Eduardo Florence, colunista no Jornal do Povo, "A praga de gafanhotos que dizimou a agricultura em Cachoeira no começo dos anos 1930 infestou as calçadas, as ruas, o ar, as frestas das janelas e das portas. A Rua Júlio era revolta e os gafanhotos varridos e enterrados. Gafanhotos bolivianos foram as nuvens que cobriram Cachoeira e taparam o sol. As pragas de gafanhotos na Bíblia são uma figura dos pecados do homem. Aqui outras pragas vieram e virão".8
Em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial, após uma breve alta na economia e com a safra recorde de arroz, é realizada a Festa do Arroz em 1941. As principais ruas da cidade foram decoradas com arroz e todo momento chegava turistas para conhecerem a "Capital Nacional do Arroz". A festa foi um sucesso, porém ninguém esperava o que iria acontecer depois: com as seqüentes chuvas, o Rio Jacuí transbordou e a parte baixa da cidade foi invadida pelas águas do rio, sendo essa a maior enchente que o município vivenciou. Por causa disso, a economia cachoeirense quebrou. A previsão de colheita, estimada em 1,2 milhão, acabou se reduzindo a 800 mil sacos, indo a orizicultura no município desenvolver-se novamente nos anos 1970. Já a Fenarroz, teria a sua segunda edição em 1968.
Em 1944, com a criação do município de Cachoeira, no estado da Bahia, para não haver problemas burocráticos, mudou-se o nome da cidade: de Cachoeira para o atual, Cachoeira do Sul.
Nos anos 1950 acontecem os principais avanços no transporte cachoeirense: a Transporte Nossa Senhora das Graças entra em operação, dando início ao transporte coletivo em Cachoeira do Sul. Nessa época existia apenas uma linha, que ia desde o atual Hotel União até a Prefeitura. Em 1955 entra em funcionamento a Estação Rodoviária de Cachoeira do Sul, localizada, na época, ao lado da Estação Ferroviária de Cachoeira do Sul. Também é nos anos 1950 que o Cine Astral é inaugurado. A cidade, até então, contava com o Cine Coliseu, em funcionamento desde os anos 1930. Em 1958 se dá impulso ao movimento de construção da Funvale (Fundação Universade do Vale do Jacuí), para a cidade contar com o ensino superior, até então inexistente no município. Em 1961 é construída aPonte do Fandango.
Na década de 1970, os engenhos e as lavouras de arroz voltam a movimentar continuadamente a economia local, transformando Cachoeira do Sul em um polo regional, com grande desenvolvimento. Nessa época surge o rumor de ser erguida na cidade umaUniversidade Federal, porém ela vai para Santa Maria. Também está nos planos de engenheiros da BR-290 cruzar a cidade, mas por falta de movimentação local, esse plano não se conclui, fazendo com que a estrada passasse às margens da Vila Piquiri. Por conta disso, é inaugurada a Rodovia Transbrasiliana, a BR-153, no trecho entre Rincão dos Cabrais e a BR-290, ligando Cachoeira a Santa Cruz do Sul e Porto Alegre.
Outro fato relevante no transporte é que a ferrovia sai do Centro de Cachoeira do Sul, indo para a zona norte, por atrapalhar a movimentação de veículos e ser responsável por diversos casos de rachaduras em prédios próximos. As Estações Rodoviária eFerroviária são demolidas e em seu lugar surge a Praça Honorato. A nova e atual Estação Rodoviária é construída no bairro Gonçalves, próximo à BR-153, enquanto a Estação Ferroviária vai para o bairro Quinta da Boa Vista.
A prosperidade do município, nos anos 1980 faz com que seja construída a Centralsul (uma cooperativa para distribuição de arroz e soja) e a plataforma de cargas do Porto de Cachoeira do Sul. Contudo, a economia local dá sinais de estagnação e a Centralsul, uma das maiores cooperativas de arroz do Rio Grande do Sul, anuncia a sua falência cinco anos depois de sua construção. Assim, a população começa a sair do município e migrar para outros centros de consumo.
Hoje, o município enfrenta o desafio de acabar com o trauma da estagnação desde os anos 1980 e que se arrastou durante toda adécada de 1990. Com atrativos, a cidade está vivenciando um processo de industrialização com novas empresas, como Granol e Aracruz Celulose. Também chega para a cidade o Centro Regional IV da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, dentre outras instituições.

Emancipações 

Por ter um território vasto, Cachoeira do Sul teve conseqüentes desmembramentos. Em 1832, com a Lei de 12 de novembro, separou do município de Cachoeira, os municípios de Alegrete (com Santana do Livramento), e Caçapava do Sul (com São Gabriel), elevando-os à condição de vilas. Em 1857, separou-se a Freguesia de Santa Maria que foi elevada à vila, por decreto de 16 de dezembro daquele ano. Em 1959 emancipam-se de Cachoeira municípios da Quarta Colônia de Imigração Italiana: Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine. Também surgiram do território cachoeirense os municípios de Agudo, Restinga Seca, São Sepé e Formigueiro. Em 1988 Paraíso do Sul e Cerro Branco conseguem emancipação e, em 1996, foi a vez de Rincão dos Cabrais possuir autonomia, sob o nome de Novo Cabrais.

Política Nacional 

A cidade também fez história na política nacional. Durante o governo de Getúlio Vargas, havia dois ministros cachoeirenses: Brigadeiro Nero Moura no Ministério da Aeronáutica, e João Neves da Fontoura na pasta das Relações Exteriores. Durante o governo de Emílio Garrastazu Médici, o ministro João Leitão de Abreu assumiu o controle da Casa Civil...
Fonte: Wikipédia

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